Rua Direita, segunda metade do séc. XIX

andredecourt's photo de 07/02/07

Postamos hoje uma foto muito antiga da Rua Direita, hoje Primeiro de Março

A foto não ultrapassa da data de 1875.
Ela mostra dois prédios muito importantes para a vida econômica da cidade. O primeiro da esquerda para direita, de pesada portada ( na realidade um oratório ) era a “Casa dos Contos” que foi sede do Banco do Brasil, em sua primeira versão, além de diversos usos e funções na sua existência de mais de 200 anos.
Em 1829 o prazo de existência do banco acabou por motivos legais e estatutários e ele foi liquidado, pois a Assembleia Legislativa se negava a prorrogar a sua existência legal.
Era um dos prédios mais antigos da cidade e foi um dos seus melhores, há registros que remontam ao seticentismo da sua existência. Foi leiloado pelo falecimento sem herdeiros de seu proprietário o Provedor Pedro de Souza Pereira, assassinado em 1687, sendo adquirido pela Coroa.
O prédio quase sempre esteve ligado a questões monetárias, pois até 1815 ele era ocupado pelo Erário Régio, que se mudou para a Rua do Sacramento onde virou Tesouro Nacional, se transformando no Ministério da Fazenda de hoje.
O prédio foi demolido nos anos 70 do séc. XIX e em seu lugar construída a terceira sede da Praça de Comércio do Rio de Janeiro, aí ficando até 1926 quando o prédio foi ocupado pelo Banco do Brasil em sua terceira versão, a que perdura até hoje. O prédio está de pé até hoje, apesar de inúmeras reformas feitas pelo banco com acrescimos de pavimentos e mudanças em sua fachada, que originou protestos no meio artístico por retirar escultórios da fachada. Hoje o prédio abriga o CCBB
Já o segundo prédio era da “Praça de Comércio”, em sua segunda sede. O prédio que mostramos era um velho armazem de sal, que tinha localizaçõa estratégica para o estoque de tal mercadoria nos tempos do Brasil Colônia, pois ficava ao lado de um dos portões da alfândega.
Para adapta-lo à nova função o grande arquiteto da missão fracesa Grandjean Montigny foi convocado, dando ao prédio a varanda alinhada com a casa dos contos, sustentando o terraço, que era cercado com grades de ferro. A nova função foi inaugurada em 1834 e o prédio foi demolido na segunda metade da década de 70 do séc XIX para a abertura da Rua Visconde de Itaboraí, no seu lugar temos hoje o Centro Cultural dos Correios. Sendo construído pela Associação do Comercial, para abrigar não só o Correio Central mas também a Caixa de Amortização.
Nessas varandas a hoje moribunda Bolsa de Valores do Rio de Janeiro exerceu suas incipientes atividades nos primórdios do Brasil independente.

Comments (14)

js 07/02/07 06:41 …
Simplesmente cultural. Abs
Lefla 07/02/07 06:45 …
Onde era o oratório? Naquela porta colonial? As pessoas rezavam dentro do Banco? Isso explica muita coisa sobre o Banco do Brasil…
andredecourt 07/02/07 06:48 …
Exato Lefla, o oratório se abria para rua em dias santos e na passagem de procissões…
rodperez 07/02/07 07:19 …
impressionante!
Derani 07/02/07 07:40 …
Esse aí foi o principal território do Barão de Mauá, o Irineu Evangelista…
Luiz D’ 07/02/07 08:00 …
Ainda hoje a Primeiro de Março tem prédios muito interessantes.
http://fotolog.terra.com.br/luizd
Antolog 07/02/07 08:09 …
Vê-se que a Rua Direita era em curva…
edubt 07/02/07 08:36 …
To imaginando a imúndicie desse local.
Qt ao assunto de ontem, gostaria muito que a ação de vcs e do MP desse resultado para poder ver uma Copcabana desafogada de ônibus, menos barulhenta, menos poluida, mas do fundo do coração acho que não verei. O dinheiro, o poder, as influ~encias falam mais alto, e isso as empresas de ônibus tem de sobra. Mas vamos torcer…
Derani 07/02/07 09:31 …
Post duplo no flickr!
Mesma imagem em outro ângulo:
http://www.flickr.com/photos/61014785@N00/382740286/
André Costa 07/02/07 10:20 …
Quem já observou essa imagem em melhor resolução, poderá observar que existe um individuo muito encostado no canto do portão.
Pode ser que eu esteja errado mas acho que ele está se desapertando, na falta de banheiro perto.
Aliás esse procedimento péssimo de fazer da via pública sanitário torna certos locais impraticáveis – exemplo – muro que cerca a Central é um – é amônia pura.
http://www.flickr.com/photos/andre_so_rio/
Lefla 07/02/07 10:29 …
Tutu, os ônibus do Rio de Janeiro são a única coisa que há anos não mudam. Eles permanecerão iguais, toscos, vazios, com linhas superpostas, excessivas, até o fim dos tempos. Quando não houver mais carros, nem vida sobre a Terra, os ônibus ainda circularão por Copacabana vazios, trepidantes, barulhentos, fumacentos… Eles adquirirão vida própria, inteligência artificial, e serão comandados, de seus túmulos, pela máfia dos concessionários de transporte. Estes são pessoas que não morrem, são clonados, representam sempre o mesmo cara que, lá nos primórdios, molhou as mãos do primeiro prefeito, intendente, interventor ou presidente de AL.
edubt 07/02/07 10:32 …
Lefla,
é verdade!!! Futuro sinistro nos aguarda…
:-)))))))))
animaaal 07/02/07 11:23 …
Não canso de passar aqui para ver como o Rio pôde ser mais bonito do que nunca.
abs
jban 07/02/07 12:34 …
Antolog,
A Rua Direita continua sendo uma curva… ou seja, era torta desde o seu nascimento, como faixa de litoral.