Aterro – Projeto, anos 50

foto de andredecourt en 3/08/07

Nossa aérea de hoje é um Post Duplo com o amigo Luiz D’ que postou ontem uma foto do Aterro ainda em obras : http://fotolog.terra.com.br/luizd:865

Lá era debadido qual a importância do Aterro, bem como se o litoral era mais belo antes dele ou não.
O Aterro já era previsto no Plano Agache dos anos 20, e contemplava na parte da Glória uma série de novos quarteirões, jardins e praças monumentais, bem como um novo portão marítimo para cidade, na qual a planta já foi esmiuçada aqui no ano de 2005.
Na parte do Flamengo também seria feito um aterro, e um novo litoral criado, haveriam quadras com prédios baixos e com grandes pátios centrais e intercaladas entre sí por praças de grande tamanho. Além de cruzamentos elevados em viadutos no estilo Metrópolis.
Com o golpe de 1930 o Plano Agache foi dito como jogado de lado, como algo da velha ordem. Mas o Estado Novo o utilizou bastante, logicamente mudando coisas, como o uso do solo, principalmente na Zona Sul, que foi totalmente deturpado.
Nos anos 40 o projeto do Aterro andava firme e forte pelos gabinetes da PDF com uma visão nem um pouco urbanística, na orla do Flamengo estavam previstos grandes prédios de até 20 andares, criando um novo paredão e no litoral uma nova e estéril avenida de 16 faixas de transito.
Mas começou a surgir a figura de um arquiteto modernista que era funcionário concursado da PDF, Afonso Reydi. Flexibilizando a politicagem ele começou a eliminar os prédios da nova área aterrada, muitas vezes contrariando os intereses dos próprios prefeitos, como em uma das plantas que o prefieto à época queria ver aprovada, contendo ainda umas 10 lâminas de 20 andares de altura.
Reydi não se fez de rogado e foi aos jornais defender sua posição de uma área livre, pois a cidade já se afastava o suficiente do mar, e não merecia ganhar mais um paredão de construções.
A polêmica continuou por mais uma década, nossa imagem mostra uma montagem fotográfica do início dos anos 50, algo muito utilizado até pouco tempo atrás, que mostra o Aterro já sem os prédios, mas com uma orla completamente diferente, principalmente na área próxima ao Santos Dumont, bem como o enorme número de pistas de rolamento e os viadutos na região da Glória para a Avenida Norte-Sul, que se conectaria ali com a Avenida Humaitá-Glória, responsável por vários prédios afastados em várias ruas como São Clemente e Catete, e que só teve a única parte concluída na Rua Humaitá até o Largo dos Leões.
Vemos que na imagem ainda não estavam previstos o Monumento dos Pracinhas, bem como a Marina da Glória. E o MAM embora já projetado e com seu lugar definido ainda tinha o resto do seu complexo bem diferente do que foi executado.
A feição definitiva do Aterro só se deu no Governo Lacerda, onde os planos da Av. Norte Sul foram rasgados pelo bem do comércio do Centro velho da cidade, e os viadutos da Glória passaram a ser totalmente desnecessários, mas as pistas ainda com 14 faixas de rolamento, contando ambos os sentidos de trávego, ainda estavam sendo pensadas, quando Lota Macedo convenceu não só Reydi como o próprio governador que a cidade ganharia muito mais com jardins no lugar de asfalto e que só 10 faixas seriam suficientes. Como são até hoje passados mais de 40 anos.

Comments (6)

rockrj 3/08/07 10:40 …
André, não seria Lota Macedo Soares?
Ela foi uma grande figura na administração do Carlos Lacerda!
andredecourt 3/08/07 10:54 …
Exato, confundi o sobrenome
jban 3/08/07 17:23 …
Excelente post André. Uma aula. Sem reparos. Quando você vem para o Terra ?
luiz_o 3/08/07 18:43 …
Realmente, nada a dizer depois desta explanação.
Bravo!
http://fotolog.terra.com.br/luizd
duram 3/08/07 20:26 …
Pior que usar gabarito urbano mínimo é deixar algo acabar
e não fazer manutenção ou fazer sem qualquer qualidade.
Porque reabrir a Rua Raimundo Correia? temos que aumentar
vias para pedestres e ciclovias e não para carros.
abç
http://www.fotolog.com/duram

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