Como se construir uma escola em 6 meses

 

Nossas fotos de hoje, infelizmente de baixa resolução mostram flagrantes documentados por Malta da construção da Escola Municipal Pedro Ernesto na Fonte da Saudade.
Construída dentro do projeto de educação de Anísio Teixeira de dar ao sistema de escolas do antigo PDF melhores condições operacionais, como troca dos prédios alugados e mal adaptados para sedes próprias e a construção de mais escolas visando eliminar o défciti de saulas de aula que aumentava desde o último grande programa de construção de escolas, no governo Passos. Além dos novos prédios havia também a aplicação de novos métodos de ensino, calcados na Escola Progressiva, que visava dar a todos educação fundamental gratuíta, sem paternalismo ou filantropia.
Para isso uma nova leva de colégios foi construída, todos em estilo moderno ( na realidade art-déco) projetadas dentro do canone do “programa planificado do espaço escolar” desenvolvido pelo arquiteto Eneas Silva, que propunha 4 tipos de escola, a mínima, a nuclear, a platoon (12,16,25 salas) e a playground.
Possivelmente o prédio da Pedro Ernesto é de autoria do próprio Eneas Silva ( há uma placa na segunda foto com o nome do arquiteto), diante da sua semelhança com o projeto da escola mínima desenvolvido por ele, de fortíssima influência déco.
As escolas desenvolvidas por esta equipe visavam o racionalismo e o dispêndio mínimo de divisas, para se construir dentro do orçamento disponível o maior número possível de prédios. Por isso entraram logo em choque com a escola dominante a época, o neo-colonial  que vinha dominando a construção de prédios públicos até então, bem como o abandono do novíssimo estilo missões que fora realizado em importantes colégios construídos na administração de Prado Júnior.
Mas o racionalismo não abanonava as boas condições para o ensino, luminosidade, arejamento e praticidade eram elementos primais nos prédios construídos por este programa, que podem ser considerados os primeiros prédios públicos construídos em linguagem moderna no Brasil, no período da primeira metade dos anos 30.
As duas fotos com exatos cinco meses e um dia mostra a velocidade da construção de um prédio de alvenaria convencional, para subir, ainda mais a época com materiais bem menos modernos que temos hoje em dia.
Como podemos perceber o prédio subia num dos pedaços destinados a um grande jardim projetados nos anos 20, depois realizado pela mão de Azevedo Neto, com o nome de Praça da Piaçava, já mostrada no site em Novembro de 2007 ( http://www.rioquepassou.com.br/2007/11/13/praca-da-piacava-final-dos-anos-30/ )
Na primeira foto ainda vemos um funcionário da Light fazendo manutenção no poste de iluminação pública de fronte ao canteiro de obras da escola, e ao fundo o Morro dos Cabritos, devorado este fim de semana por um incêndio criminoso que destruiu décadas de um projeto de reflorestamento que já vinha sofrendo intensa pressão da favelização galopante nas favelas do Tabajaras/Cabritos.
Agradecemos ao amigo Carlos Ponce de Leon de Paiva o envio das imagens.

18 comentários em “Como se construir uma escola em 6 meses”

  1. Fotografias estupendas, em mais uma grande colaboração do Carlos Paiva.
    Que falta fazem, para a Educação, um Anisio Teixeira ou um Paulo Freire.
    Que fim levou este prédio?

    1. O prédio está em funcionamento com algumas alterações internas. Obs : Temos um grupo no FB de ex-alunos de lá , de vários anos deferentes. Caso seja um deles , entre em contato comigo. Grata.

  2. Minha mulher vota há muitos anos nessa escola e eu na escolinha que existe junto à igreja. Aos meus sete anos de idade caí de um brinquedo que havia no parque quebrando o braço. Bons e endiabrados tempos.

    1. Obs : Temos um grupo no FB de ex-alunos de lá , de vários anos deferentes. Caso seja um deles , entre em contato comigo. Grata.

  3. Outra região invadida pelos edifícios. Os acessos ao Rebouças também contribuiram para a descaracterização da área.

  4. Durante muitos anos a Escola fazia uma comemoração pelo aniversário de Pedro Ernesto. Encenavam uma peça sobre a vida dele, tudo feito com o maior cuidado e carinho. Eu fui com minha mãe durante muitos anos até ela ficar doente e não poder mais. Era uma festa sempre muito tocante e nós sempre chorávamos. A escola sempre me pareceu simples e funcional. Lendo o texto sobre ela é que entendi o espírito da coisa. Cresceu minha admiração por Pedro Ernesto e Anisio Teixeira.

    1. Temos um grupo no FB de ex-alunos de lá , de vários anos deferentes. Caso seja um deles , entre em contato comigo. Grata.

  5. Estudei na década de 70 nessa maravilhosa escola com excelente quadro de funcionários desde a servente até a diretoria, que até hoje mantemos contato pelo grupo criado no Facebook. Foi uma época muito importante na minha vida, quanto acredito de ter sido para todos os que lá passaram, deixo aqui meus agradecimentos a todos os envolvidos.

  6. Estudei nesta maravilhosa escola durante os anos de 1961-1968. Havia dentista e tudo mais. Muita saudade. Gostaria de entrar em contato com alguns estudantes. Moro nos Estados Unidos mas podemos nos comunicar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

55 + = 59