Maria da Graça, Fábrica da GE, déc. de 20

Nossa foto de hoje mostra uma aérea da fábrica da General Electric poucos anos depois do início do seu funcionamento num ainda vazio subúrbio de Maria da Graça.
A fábrica da GE resultado mais concreto da fundação da GE do Brasil em 1919, era também a consequência direta de um dos surtos de industrialização causado por uma guerra mundial, no caso o conflito de 1914-18, que causou a falta de componentes elétricos no Brasil, notadamente lâmpadas e acessórios para a iluminação. O primeiro produto a ser fabricado foi a lâmpada com filamento de tungstênio com potências que atendiam praticamente toda a demanda do mercado nacional. Em pouco tempo a fábrica, conhecida como Mazda ( tipo de seu primeiro produto produzido) estava fazendo globos para as Lights do Rio e São Paulo, luminárias e globos para uso doméstico e dando um salto de desenvolvimento nos anos 30 fabricando na unidade medidores de luz e transformadores de tensão  de rede novamente para as duas Lights, e logo depois os de grande porte para as sub-estãções rebaixadoras.
Mas um novo conflito criaria novo surto de desenvolvimento na unidade, causado novamente pela falta de produtos importados, com as lâmpadas de descarga, inicialmente as fluorescentes de 20 e 40 W, disjuntores térmicos, chaves desligadoras para grandes tensões, câmaras para vaults e lâmpadas especiais automotivas e aeronáuticas.
No pós guerra o mix da fábrica sofre o seu maior salto, com a fabricação de filamentos de tungstênio faróis sealed bean automotivos e aeronáuticos, reatores e starters para lâmpadas fluorescentes além da montagem de eletrodomésticos que vinham em regime de CKD da matriz e foram sendo nacionalizados com o passar do tempo.
Além disso a GE construiu outras plantas, no ABCD e Campinas, BH e a posteiore em Recife, sendo a fábrica do Rio a responsável pelo treinamento, assembled das novas linhas de produção e tropicalização dos produtos.
Nos anos 50 e 60 a fábrica se dirigiu para as lâmpadas de descarga em alta pressão, primeiramente a de mercúrio em 1965 as de sódio em 1978, em 1982 nosso último ano de linha do tempo, início da galopante decadência da cidade a fábrica teve seu último up-grade a instalação de uma moderníssima linha de montagem de lâmpadas incandescentes chamada de Ribon, que pouquíssimas plantas da GE possuíam no mundo todo. A partir desse ano os investimentos na unidade cessaram. Primeiramente a linha de eletrodomésticos foi desativada ainda nos anos 80, depois as linhas de lâmpadas de descarga passadas para outras unidades, e finalmente na primeira década do séc. XXI a pioneira fabricação de lâmpadas incandescentes fabricadas de maneira incessante há mais de 80 anos cessou de vez, fechando de vez  a histórica unidade.
O entorno em muito diferia do agradável ambiente rural da nossa imagem, favelas se esgueiravam perto dos muros da unidade, a região tinha ficado violenta e várias outras plantas industriais tinham fugido da região, expulsas não só pela violência mas também pelas altíssimas taxas e impostos estaduais cobrados pelos populistas mandatários de desgovernaram e vem desgovernando este estado desde 1982.
A foto mostra a linha Auxiliar com a fábrica colada nos trilhos, como aliás está até hoje, o comprido galpão que vemos na foto junto aos trilhos está lá até hoje, embora destelhado e em ruínas, há vestígios de uma plataforma embora o trecho em curva dificulte a descarga dos trens. O bairro de Maria da Graça ainda estava sendo ocupado, vemos as ruas Miguel Ângelo, Sabino dos Reis e  Prof. Bôscoli ainda de terra e incompletas. No lugar da favela do Jacarezinho um enorme terreno vazio que espereava o grande pátio de cargas e manobras da Central do Brasil, nunca realizado.