Hotel Belvedere, anos 50

Navegando por algumas fotos retiradas do extinto Jornal Última Hora me deparei com essas imagens, segundo o jornal sobre artistas de Copacabana, com algum estudo do material do acervo descobri que o local é o hoje fagocitado H. Belvedere, construído nos anos 20 em uma deslumbrante encosta da R. Saint Roman e hoje engolido pela favela Pavão-Pavãosinho num dos maiores exemplos do que eu chamo de fagocitação do tecido urbano formal pelo informal, verdadeiro carcinoma de nossa cidade, que já foi inclusive tema de um post nosso ( http://www.rioquepassou.com.br/2010/08/19/ ) há pouco mais de um ano.
A primeira foto mostra a escada de acesso ao prédio, possivelmente no início da Rua Saint Roman, a qual acho que está muito parecida até hoje.

A segunda foto mostra o terraço frontal do hotel, que pelas fotos aéreas e do Ricardo Lafayette não existe mais. Vemos que o hotel já não está nos melhores dias, possivelmente a construção de diversos prédios no Posto V tiraram o seu principal atrativo que era a vista.

A terceira foto mostra o que pode ser a sala de estar do velho hotel, vemos que há muita vegetação e que o prédio tem ótimos detalhes de bom gosto como os vidros das bandeiras de portas e janelas com trabalho em jateamento eu um belo piso numa madeira que parece ser ipê.

A última foto mostra o atelier do artista, no fundo vemos um prédio possivelmente na Rua Sá Ferreira, no lado oposto da subida da Saint Roman.

13 comentários em “Hotel Belvedere, anos 50”

  1. Novidade completa para mim. Mas devia ser bom hospedar-se neste hotel e ficar admirando a vista.
    Quanto à proliferação das favelas e o modo irresponsável como isso é tratado e tolerado, prefiro não comentar, para não estragar minha semana.

  2. Inacreditável que existisse um hotel aí.
    Mesmo sem a favela devia ser complicado se hospedar aí. Além da ladeira ainda tinha a escadaria.
    Quanto as favelas, cada vez tenho mais certeza que é isso que o povo quer. Viver desse jeito (vai falar em remoção…) é que é legal. Nunca vi os moradores exigindo melhores condições de moradia e os cá de baixo incorporaram os costumes da favela, a música funk, os trejeitos, tudo glamourizado pela imprensa.

  3. Essa escada era o único acesso ao hotel, ou era algum tipo de atalho? Desconfio que houvesse alguma estrada vindo do alto do Cantagalo até o hotel, sobre a qual a favela se assentou.
    Fico pensando na “culpa” que a verticalização de Copacabana teve na degradação desse lugar. Se essa ponta do morro não tivesse sido emparedada, mantendo a vista, é possível que continuasse tendo uma ocupação mais elitizada, evitando a favelização. Mais ou menos o que houve no Alto Leblon.

  4. Revendo o post do ano passado, e conferindo no Google Maps (acho que melhoraram a resolução das fotos) estou percebendo que o hotel já havia sido “fagocitado” pelos prédios da parte baixa de Copacabana muito antes da favela chegar a esse ponto. Dois edifícios antigos, um com frente para a praça Sara Kubitschek e outro na N.S.Copacabana (ao lado do restaurante Frontera) chegam a encostar no antigo hotel – que, na verdade, é a construção da favela que está mais perto dos edifícios. Do lado da Djalma Ulrich, a pedra que virou lixão distancia as construções. Por isso estou desconfiando que os “barracos colados nos prédios” denunciados pelos comentaristas do outro post na verdade são os restos do Hotel Belvedere.
    Na época em que essas fotos foram tiradas o prédio da N.S.Copacabana não devia existir ainda (ele tem cara de anos 50/60) mas o da Sara Kubitschek já devia estar lá.

    1. O Ed. déco da praça é dos anos 30, portanto bem antigo e mesmo como também é outro que abriga uma agência bancária, bem na curva da Av. Copacabana, poucos pavimentos e no alinhamento antigo, o que indica ele também ser anterior aos anos 40. Essas fotos se não me engano são de 1955/56.
      Já o prédio comercial que encosta em uma das quinas do velho hotel é realtivamente novo, do final dos anos 60, incusive já sendo virado para praça, possivelmente ele foi construído quando o hotel já estivesse fechado ou muito decadente. Segundo moradores próximos ele só foi engolido pela favela nos anos 90, antes disso estava velho, meio abandonado, mas íntegro, embora cercado.
      A favela veio de cima e do lado da Djalma Ulrich e o engoliu.

  5. André,
    Nunca essas pessoas da foto iam imaginar que algumas décadas depois aquele bucólico lugar ia tomar ares africanos, e o aprazível hotel, cercado por uma mata frondosa na escarpa do morro de fauna e floras exuberantes, ia se transformar na horrenda favela, que até os dias de hoje cresce de forma vergonhosa e denigre qualquer um que se atreva a morar nas suas redondezas.
    Abraço,
    Ricardo Lafayette

  6. Já almocei varias vezes no Frontera , muito bom por sinal,mas
    nunca reparei nessa escadaria e nem poderia imaginar que
    que neste local outrora havia um hotel. Incrivel.

  7. Cada vez mais fico surpreso com a quantidade de temas e fotos garimpados do acervo do Última Hora. Ouso dizer que se rivaliza com o da Life, guardadas as devidas proporções, é claro, pois está mais perto da realidade da cidade, enquanto que o da Life, na maioria das vezes, tem o olhar estrangeiro.

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