Túnel Submarino Urca-Morro da Viúva 1970


Muitos sabem dos planos para a ligação Leme- Praia Vermelha, surgida  junto com as obras de alargamento da Av. Atlântica, onde diversas variantes chegaram a ser estudadas, como túneis duplos sob a Pedra do Leme, a construção de pistas elevadas rentes a encostas que a contornassem e por fim um túnel completamente enterrado do Leme até a Av. Pasteur, a fim de evitar transtornos com as instalações militares na Praia Vermelha e Praça Gal. Tibúrcio.
Porém muitos desconhecem o desdobramento desses primeiros projetos, que seria o complexo viário entre o Leme e o Morro da Viúva, cuja  finalidade seria completar um sistema viário com a  execução ( na época já tardia) do túnel Botafogo-Lagoa que  deveria ter sido executado junto com a duplicação da Av. Atlântica mas a construção da duplicação juntamente com o Interceptor Oceânico e Emissário Submarino drenaram as verbas necessárias, para essa verba viária. O problema dos esgotos sanitários chegaram a um nível alarmante, e a obra de saneamento foi considerada prioritária face a viária

Esse complexo faria nova modificação na ligação Leme-Praia Vermelha, o tráfego não mais sairia na Av. Pasteur e nem passaria por cima ou por baixo da Praça Gal. Tibúrcio, mas sim  por cima da água, no extremo da pequena enseada que forma a Praia Vermelha, rumo ao Morro da Urca, onde continuaria até a Praia da Urca, que seria aterrada e transformada em um mini-aterro, junto com toda a orla do bairro. O estudo desse aterro já tinha sido encaminhado ao Laboratório Oceanográfico de Lisboa, que inclusive contemplava um modelo de renovação artificial das águas da enseada de Botafogo, ideia essa já imaginada por Agache quando do seu plano para a Cidade Universitária.
O sistema era complexo e ambicioso e se executado teria mudado totalmente a dinâmica do tráfego na Z. Sul, o complexo Botafogo-Lagoa, se ligaria ao túnel subterrâneo, pela Av. Carlos Peixoto, descendo em rampa por de trás do Solar da Fossa, galgando o plano pela a área na época ainda desocupada onde estão a Rua Marechal Ramom de Castilha e a Praça Gal. Leandro, margeando os terrenos da UFRJ, passando por viaduto sobre a Av. Pasteur, por entre o Instituto Benjamin Constant e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, possivelmente onde hoje está a Praça da Medalha Milagrosa e entrando no novo Aterrado da Urca, onde na parte mais larga se encontraria com o túnel vindo do Leme, num trevo, e também com o túnel submarino.

Esse grande túnel teria 3 galerias independentes com 2 faixas cada, a central seria reversível diante da demanda para o centro e para os bairros e cruzaria a enseada por um trecho  submerso de 854 metros de comprimento, e sairia onde está o restaurante Rio’s, na época uma área não urbanizada do Aterro e que serviria inclusive para a fábrica de tubulões do Emissário Submarino. Possivelmente com a fusão logo após a conclusão do Emissário essa obra nunca mais saiu no papel, bem como o túnel Lagoa-Botafogo. Tais obras nunca executadas deixaram algumas marcas na cidade, como o trevo incompleto na Lagoa, a área não edificante entre a Rua Santa Clara e a Rua Euclides da Rocha que facilitou a favelização da região em 1983, a urbanização tardia da regiã od Restaurante Rios e dos fundos da Rua Lauro Muller.
Recomendo fortemente que se clique nos trechos em negrito, que ativam links para os posts originários do que está mencionado.
 

14 comentários em “Túnel Submarino Urca-Morro da Viúva 1970”

  1. Bom dia, André,pessoal,
    Como sempre, uma grande aula que literalmente esgota o assunto! eu segui os links, e foi bom lembrar das discussões que cada um dos posts produziu, inclusive colocações minhas que eu mal lembrava.
    Uma curiosidade : embora seja muito pouco provável, será que esta maquete ainda existe?
    Seria perfeito tê-la no Museu Histórico da Cidade.

  2. Desde guri sempre achei esses trabalhos com maquetes assim como a arte do modelismo, uma coisa bem legal de se fazer. Pena que nunca tive talento para isso, porém, aprecio. Fica um espetáculo.
    De que adianta colocar em um museu se nossos museus estão um perfeito lixo?
    Vocês acham de que o objetivo desses tecnocratas e Políticos é preservar alguma coisa, além da imensa galera que come e bebe no Governo fruto de promessas eleitoreiras e conchavos?
    Hoje reconheço isso. Infelizmente, aqui no Brasil, seja de direita, esquerda, ou centro, ninguém está nem aí para as cidades, os Estados, e o país.
    Vamos ver como será em 2019.
    Mas já digo de antemão: Estou velho demais para acreditar em super-heróis e contos de fadas.

    1. Wolfgang, pelo menos um mínimo de preservação iria ocorrer.
      Existe uma maquete bem grande (ainda que simplificada e sem tantos detalhes, nem cores) do centro do Rio na entrada do Paço Imperial, por trás de um vidro.Apesar do Paço também não estar lá essas coisas em termos de conservação – como qualquer equipamento cultural daqui – a maquete está OK.

  3. Wolfgang, “grandes obras” sempre são um “bom negócio” no Brasil, ainda que não saiam do papel. Mas se saírem, melhor ainda. No tempo do governo militar ainda havia “algum escrúpulo” quanto aos gastos, já que um mau negócio poderia ter consequências funestas. FF. Vi um documentário sobre a possibilidade de se viver no Uruguai, Argentina, ou Chile, e fiquei impressionado com as condições de vida naqueles países. Qualidade de vida, educação, serviços públicos, segurança, etc, bastante superiores ao Brasil.São três povos infinitamente superiores ao brasileiro e isso é evidente. “Só um cego não vê”…

  4. Fico a imaginar a reação do velho Agache se visse no que se transformou a cidade do Rio de Janeiro. De um paraíso tropical a uma favela total.
    Este site é testemunho vivo dos crimes cometidos.
    Parabéns ao “mestre” Decourt.

  5. Morei um tempo na Argentina por força de meu trabalho e afirmo que há muito ignorância dos brasileiros em relação a este país. A qualidade de vida é muito superior, além de maior segurança e melhores condições de saúde e educação.
    Realmente nos últimos anos começaram a surgir algumas favelas, sobretudo ao redor de Buenos Aires. Mas é muito mais raro ver miséria. Há cidades médias e pequenas fantásticas, bem urbanizadas, bonitas, silenciosas. As rodovias (rutas) são muito boas e há uma malha ferroviária que supre bem a demanda. Segundo a ONU a Argentina possui um IDH semelhante ao de Portugal, por isso não entendo porque uma enxurrada de brasileiros priorizam ir para as terras lusas em vez de estar num país aqui próximo, com duas horas de vôo ou ir até de automóvel; provavelmente por estar na Europa, por verem maiores possibilidades de trabalho (ao que considero uma ilusão), ou por “dor de cotovelo” mesmo.
    Quanto ao Chile, tive duas experiências com terremoto, portanto estou fora.

    1. Wagner. Você disse tudo em relação da Argentina.
      Há sim muito preconceito sobre aquela nação.
      Também já estive na Capital e é muito melhor que esse pulgueiro de Rio de Janeiro e de São Paulo, embora haja sim favelas, coisa que antigamente e, para a felicidade do amigo Joel, nos tempos do Vidella e Massera, com toda a certeza, não havia.
      Você só esqueceu de dizer que a Argentina já foi considerada uma nação de Segundo Mundo, diferentemente desse “paquiderme aleijado” que nunca deixou de ser de Terceiro Mundo.
      E mais. A História da Argentina relata bem isso. Se voltarmos por volta de 1910, 1915, a Argentina se espelhava nos melhores da época. Pelo menos em Buenos Aires foi assim.

      1. Contra fatos não há argumentos e isso é inquestionável. Os três países citados são muito mais civilizados. Além dessa diferença “estar na cara”, a certeza de poder andar pelas ruas sem medo e saber que há um razoável sistema de saúde publica já “vale o ingresso”. Agora, saber que não existem bailes funk, “dança do passinho”, nem arrastões, isso “não tem preço”…

  6. À alternativa Leme Praia Vermelha ainda parece viável, mas as loucuras em desfavor da Enseada de Botafogo, não.
    Alternativa é alternativa e só.
    Para resolver em definitivo o problema da Enseada de Botafogo seria necessário, a meu ver, reabrir a passagem do mar, da Enseada até a Praia Vermelha.
    À volta da Ilha de Trindade.
    Poderia ser um canal , apenas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

+ 57 = 64